Até a década de 20, o futebol era um privilégio de aristocratas e descendentes de europeus. Mas, logo todos perceberam que a bola se adaptava mais aos pés hábeis, as cinturas ágeis e ao talento dos jovens operários. E, em cada esquina surgia um "team". O futebol já era paixão nacional.
Na rua Frei Caneca, no bairro Pedra Grande, um bando de garotos enfrentava os campos improvisados e fazia uma festa aos domingos e feriados. No entanto, eles sonhavam em jogar com os "ternos" (uni- formes), como os times do Rio e São Paulo. Um dia, o comerciante Amadeu Horn realizou o sonho da gurizada. Dentro de uma caixa, saíram as camisetas listradas azuis e brancas, calções e meias azuis, chuteiras e uma bola nova. O uniforme era igual ao do seu querido Riachuelo.
Era a hora de estrear o jogo de “terno”. O adversário seria o temível Humaitá. Uma equipe forte e valente. E, num domingo, o campo do Baú ficou lotado. Lá, o goleiro não via a outra trave e nem o ponteiro direito enxergava o ponta-esquerda. Aliás, estes “pequenos” detalhes não interessavam. O que importava era a bola correndo. Os garotos de Amadeu Horn venceram. Infelizmente, os artilheiros se perderam pelo tempo. Jamais se saberá quem marcou o prImeiro gol do time azul e branco. O talento dos meninos entusiasmou Amadeu. Para comemorar o feito, ele deu uma festa.
1º de setembro de 1923. Um sábado de tempo bom e vento norte. Um dia aparentemente normal. A cidade estava, como de costume, calma. Nas sombras da árvore frondosa, as pessoas conversavam. Entretanto, na residência de Amadeu Hom estava tudo preparado. Quem chegava assinava o livro de atas. Um só assunto foi discutido: o time de futebol. O nome escolhido foi Independência e Amadeu Hom eleito presidente.
Quando todos já começavam a traçar os planos do novo clube, chega atrasado, pois precisara trabalhar após o expediente, Arnaldo Pinto de Oliveira. Contaram- lhe as novas. Ele não concordou com o nome escolhido. “Independência é muito grande. Fica difícil incentivar o team. Quando a torcida estiver gritando, depois de um goal, Independência, o adversário empata o jogo. É preciso um nome menor. Além disso, as cores não combinam. Ou será que vocês querem mudar as cores?”, conta o historiador Osni Meira. “E que nome você sugere?”, perguntaram-lhe. Arnaldo estava lendo um livro de história do Brasil e gostara do episódio a Batalha do Avahy. “Vocês já pensaram na nossa torcida gritando Avahy?” A resposta veio em coro: "Avahy! Avahy!". Era o começo de uma história de glórias e lutas de um clube que nasceu sob o signo da vitória.
O primeiro Campeonato Estadual Catarinense foi inaugurado em 1924 e conquistado pelo Avaí, o primeiro título do clube. O time ganha o Estadual de 1926 e de 1927, sendo a primeira equipe do Estado a conseguir esta proeza. Em 1928, o Leão da Ilha, como também é conhecido, obteve o tricampeonato.
Nos anos 30, no entanto, só sagrou-se campeão de um torneio de grande expressão uma vez, quando conquistou o Estadual de 1930. No mesmo ano, inaugurou seu estádio, o Adolfo Konder, mais conhecido como o Campo da Liga, que seria o palco das maiores glórias avaianas.
Em 1938, o clube aplicou a maior goleada do clássico estadual contra o Figueirense. O Leão da Ilha bateu o Figueira por 11 a 2. Neste jogo teve a estréia do maior artilheiro da história destes confrontos, Saul. Nesta partida, ele faria o primeiro dos 41 marcados nas 45 partidas em que jogou.
Na década de 40, o clube conseguiu o incrível feito do tetracampeonato estadual, nos anos de 1942, 1943, 1944 e 1945, até então um feito inédito para os clubes de Santa Catarina. Saul e Nizeta seriam os grandes destaques destas conquistas.
As décadas seguintes não teriam importantes conquistas e o estadual seria reconquistado apenas em 1973, depois de 27 anos de jejum, após uma vitória sobre o Juventus de Rio Sul. Outros dois títulos seriam conquistados em 1973 e 1975.
Em 1983, o estádio Aderbal Ramos da Silva, mais conhecido como Ressacada, foi inaugurado. Na sua estréia em 15 de novembro de 1983, o clube perdeu por 6 a 1 para o Vasco da Gama. Somente em 1988 a equipe poderia comemorar o título estadual dentro de sua nova casa. Na final, com recorde de público - 25.735 pagantes -, triunfo sobre o Blumenau.
Um ano para não ser lembrado pelos torcedores foi 1993. O clube ficou em
penúltimo lugar no estadual e acabou sendo rebaixado para a segunda divisão. O reerguer aconteceria no ano seguinte, quando se sagraria campeão da divisão de acesso ao vencer na final o Hercílio Luz.
Depois de 29 anos longe da série A, e 10 anos na série B, lutando para voltar à elite do futebol brasileiro, o Avaí finalmente voltou à 1° divisão do futebol brasileiro, conquistou o acesso com três rodadas de antecedência, ao vencer o Brasiliense por 1 gol a 0, no estádio da Ressacada, gol de Evando, aos 81 minutos de jogo. Termina a Série B na terceira colocação.
Estádio
O velho Estádio Adolfo Konder, também conhecido como "Campo da Liga", foi construído bem no centro de Florianópolis e foi inaugurado em 1930. Um campo acanhado, com poucos degraus de arquibancada, mas que muitos jogos e títulos importantes foram nele conquistados.
Os jogos, na época, eram disputados em sua maioria no período da tarde, visto que o estádio não possuía sistema de iluminação. Nessa época, não era de se estranhar a presença de vários funcionários públicos nos jogos. Estes trocavam as repartições pelas arquibancadas do Adolfo Konder.
Nessa tradicional praça desportiva aconteceram momentos históricos, como o jogo contra o Santos, em que Pelé estava presente e o Avaí perdeu por 2 a 1, em 15 de agosto de 1972, e a goleada contra o Paula Ramos de 21 a 3, que é a partida com maior número de gols da história do futebol brasileiro, em 13 de maio de 1945.
Mas ele era, já em 1975, um estádio ultrapassado. Estava localizado na rua Bocaiúva, bem no centro de Florianópolis, em um terreno de apenas 15.000 m², não havendo maneira de ampliar o estádio. Em 1980, o terreno da rua Bocaiúva foi trocado por um terreno de 120.000 m² com um estádio pronto, pelo grupo Kobrassol, que planejava construir um Shopping Center no local, onde atualmente encontra-se o Beiramar Shopping Center.
Finalmente, em novembro de 1983, o "Campo da Liga", encerrou suas atividades com uma partida entre veteranos de Avaí e Figueirense (empate 1 a 1). A partir daí, inicia-se uma nova história de um novo estádio: Aderbal Ramos da Silva, a Ressacada.
Nome Oficial: Estádio Aderbal Ramos da Silva
Nome Popular: Ressacada
Capacidade Atual: 19.000 pessoas
Inauguração: 15 de novembro de 1983
Maior público: 25.735 pagantes (Avaí x Blumenau - 17/07/88)
Então, em 1981, comprou-se o terreno próximo ao Aeroporto. Presidiu a obra Cairo Bueno, planejou o arquiteto Davi Ferreira Lima e trabalharam 20 engenheiros. As sondagens alcançaram 30m de profundidade, as torres de iluminação 43m de altura, com o estádio compreendendo 17.270 m² e o concreto armado com 1.800 m³ de estrutura. O estádio foi inaugurado em 15 de novembro de 1983 e sua iluminação em 31 de maio de 1986. Seu maior público foi de 25.735 pagantes, em 17 de julho de 1988, na final contra o Blumenau.
Hoje, o Estádio Aderbal Ramos da Silva, com capacidade para cerca de 19 mil espectadores, é o mais moderno catarinense e um dos melhores do Brasil, palco de jogos da Seleção Brasileira contra o Equador, em 1987 e contra a Islândia, em 1994. Foi no estádio da Ressacada que aconteceu o último jogo da seleção olímpica brasileira, no Brasil, antes dos Jogos Olímpicos de Atlanta, dia 10 de julho, ganhando de 5x1 contra a Dinamarca.
Títulos
- Campeão Brasileiro da Série C: 1998
- 13 Campeonatos Catarinense de Futebol: 1924, 1926, 1927, 1928 (Tri), 1930, 1942, 1943, 1944, 1945 (Tetra), 1973, 1975, 1988, 1997
- 1 Campeonato Catarinense da 2ª Divisão: 1994
- 2 Taças Governador do Estado de Santa Catarina: 1983, 1985
- 1 Copa Santa Catarina: 1995
Hino
Música: Luiz Henrique Rosa
Letra: Fernando Bastos
Na ilha formosa, cheia de graça.
O time da raça.
É povo é gente, é bola pra frente,
É só coração o meu Avaí
Avaí meu Avaí.
Da ilha és o Leão
Avaí meu Avaí.
Tu já nasceste campeão
Não dá para esquecer o seu belo passado
Mas a hora é presente e o time vem quente
De encontro marcado com seus dias de glória
Pois a ordem é vitória Vencer, vencer.
Mascote
O Avaí também é conhecido como o Leão da Ilha. A mascote do clube representa esta denominação. O símbolo do leão passa a idéia de garra, vontade e força, características que os torcedores apreciam em seus jogadores.
Site
http://www.avai.com.br