O Botafogo disputou seu primeiro campeonato em 1916.
No ano de 1919, após a realização de todos os jogos do campeonato, verificou-se no final um empate entre os clubes Fluminense e Botafogo, ambos com 17 pontos. No dia 24 de fevereiro de 1920 foi realizado o desempate, com assistência recorde e sob a arbitragem de Solly, goleiro da Associação. O jogo terminou empatado em 1 x 1. O desenrolar desse encontro foi cheio de irregularidades e violências, sendo suspenso várias vezes, precisando a intervenção de Arthur Moraes e outros.
Por causa desse encontro arrebentou na Liga uma crise que abalou o mundo esportivo e por isso, só quando a paz foi feita, já em maio, foi realizado o segundo encontro de desempate.
A 23 de maio realizou-se o jogo de desempate, sob a direção de João Nova, do Ypiranga. Durante a madrugada caiu sobre a cidade forte temporal, ficando interrompido o tráfego. O Fluminense, como que adivinhando, levou na véspera o seu time para o Rio Vermelho, onde pernoitou na residência do seu sócio o jogador Astério Sobrinho.
Às 8 horas lá estavam os craques de Anísio Silva em campo a espera do seu adversário. Sem transporte, o Botafogo só chegou ao gramado às 10 horas, quando o tráfego foi restabelecido. Pela lei, o Fluminense já era campeão, por WO. Mas Anísio, com mais um dos seus gestos nobres, não aceita os pontos e concorda em jogar. O jogo foi realizado e Antoninho F. Dias, numa escapada, faz um gol, caindo depois seu time na defesa. Era o primeiro título do Botafogo. O Fluminense dominou mas nada conseguiu e assim, depois de estar com o título de campeão nas mãos, deixou-o fugir. Coisas do futebol.
Rivalidade com o Ypiranga.
O Botafogo rivalizou è época com o Ypiranga, pois ambos dominaram o cenário futebolístico da boa-terra até 1930.
O alvirrubro foi responsável pela interrupção da série de títulos do Ypiranga em 1919. Depois, foi bicampeão em 1922 e 23 e campeão em 1926, 30, 35 e 38. As conquistas fizeram do Botafogo o segundo clube mais popular da cidade, já que o Bahia ainda começava a acumular simpatizantes.
Enganam-se muitos que pensam que o tradicional clássico BA-VI é o mais antigo do futebol da Bahia, afinal é um dos maiores do nosso futebol onde sempre temos casa cheia, jogos terminados em confusões, brigas entre jogadores e dirigentes onde até mesmo um desses jogos foi terminar numa delegacia de policia. Pois bem o BA-VI só passou a ter a rivalidade levada aos extremos no inicio dos anos 50 quando o Vitória voltou a se dedicar mais ao futebol e a ganhar títulos e a ser um ferrenho adversário do Bahia, clube fundado em 1931 e que passou a dominar o futebol baiano daí por diante, antes mesmo do Bahia ter o Vitória como maior rival o mesmo teve no Botafogo de Salvador e no Ypiranga seus maiores rivais até 1937 quando surge o Galicia passando a dividir com o tricolor a pose do nosso futebol, durante o final da década de 30 e inicio da de 40 o jogo entre Bahia e Galicia era comparado ao Fla-Flu no Rio de Janeiro. Porém no inicio do nosso futebol aqui trazido por Zuza Ferreira até meados de década de 10 não tínhamos lá grandes rivalidades esta se passou a se acirrar a partir do ano de 1917 quando Ypiranga o auri-negro o mais querido e o Botafogo o alvirrubro o glorioso, passaram a dominar o futebol em nosso estado com suas conquistas alternadas de 1917 a 1930 apenas duas agremiações fora Botafogo e Ypiranga venceram o campeonato baiano a Associação Atlética da Bahia e o Clube Bahiano de Tênis os outros títulos ou eram do Botafogo ou do Ypiranga.
No inicio dos anos 20 a rivalidade tomava conta da cidade de Salvador quando se antecedia a partida entre os clubes mais populares o Ypiranga tinha em seu quadro o maior jogador da Bahia: Apolinário Santana o (Popó) ídolo no estado tinha até uma musica “Popó chuta chuta, chuta por favor, mela, mela, mela e lá vai é gol” (melar na época era driblar o adversário), com uma linha média formada por Mica, Nebulosa e Hercílio e uma linha de ataque formada por Lago, Popó, Dois Lados, Matices e Cabloco o Ypiranga assombrava com goleadas de quatro, cinco, seis e até mesmo de dez gols, em 1923 no dia 15 de abril em uma tarde de gala Popó marca os cinco gols do Ypiranga sobre o Fluminense/RJ no Campo da Graça em jogo vencido pelo auri-negro por 5 a 4.
Já no Botafogo que também tinha uma linha media espetacular como assim me contava Chico Bezerra, a quem eu tive o prazer de conhecer em 1987 quando trabalhava em um escritório de advocacia, ele que fora jogador do Vitória e depois do Botafogo, a linha formada por Serafim, Tenente e Chico Bezerra, tinha no ataque um arsenal vigoroso formado por Tatuí, Macedo, Manteiga, Seixas e Pelego, sendo Manteiga o seu astro principal ele também foi o grande nome na vitória sobre o Fluminense/RJ no dia 12 de abril de 1923 marcando os dois gols do alvi-rubro.
Com estes grandes quadros compostos de bons jogadores se tem a idéia do que era este jogo, campeão em 1917/1918, viu o sonho do tri se acabar em duas derrotas por 1 a 0 e 2 a 1 para o rival e nem chegar a final e ver o Botafogo levantar a taça, em 1920 volta a erguer a taça numa final memorável contra a Associação Atlética por 1 a 0 com um gol de Dois Lados, que após o jogo teve o pé que marcou o gol banhado por champagne, e com uma goleada de 4 a 1 sobre o rival. Em 1921 um Ypiranga arrasador vence facilmente o campeonato com onze vitórias nos onze jogos e claro bate o rival por 2 a 1 no dia 08/05/1921.
Na temporada seguinte o glorioso reacende a rivalidade ao impedir um novo tri do Ypiranga e vencer as duas partidas entre eles uma por 2 a 0 em 14/07/22 e uma goleada pra fechar com chave de ouro a campanha por 7 a 0 no dia da padroeira de Salvador Nsª Srª da Conceição dia 08/12/22 com esta goleada o auri-negro ficou apenas na quarta colocação, Manteiga e Seixas brindaram o torcedor e em especial Pedro Capenga que comandava a animação no lado da torcida alvirrubra. No ano seguinte mais alegrias para os botafoguenses com a conquista de um inédito bicampeonato em uma final extra contra a Associação Atlética da Bahia por 1 a 0 gol de Pelego nos confrontos houve uma vitória para cada Ypiranga 2 a 0 e uma do Botafogo 3 a 1.
Em 1924 a Associação Atlética da Bahia vence o campeonato, nos jogos entre os rivais mais uma vez uma vitória para cada Botafogo 2 a 0 e Ypiranga 3 a 0, porém neste ano houve um quadrangular final e ambos foram eliminados nas semifinais, já em 1925 tivemos a retomada da hegemonia da dupla com o Ypiranga campeão neste ano e duas vitórias esmagadoras por 3 a 0 e 5 a 1, no ano seguinte o Botafogo leva a melhor nos turnos uma vitória para cada 4 a 2 para o Botafogo e 1 a 0 Ypiranga que tirou o título neste jogo e levando a decisão para uma extra já em 1927 no dia 09 de janeiro festa alvirrubra com uma acachapante vitória por 7 a 2 neste jogo um jovem Rubinho comandou a goleada marcando três gols, mais tarde jogou também no Bahia. Em 1927 o campeão é o Clube Bahiano de Tênis mais nos clássicos só deu Ypiranga que venceu por 3 a 2 e 4 a 1.
Em 1928 e 1929 o Ypiranga vem com a corda toda pra ter posse da hegemonia da terra e com uma novidade na linha de frente Pelágio um atacante rápido, habilidoso que passou a ser o terror das defesas adversárias, no dia 19/08/28 um jogão com um empate em 5 a 5 segundo Chico Bezerra neste jogo ele se contundiu após um choque com Delano do Ypiranga e nunca mais voltou a jogar, no segundo turno o Ypiranga venceu por 7 a 4 e venceu o campeonato com outra goleada diante o Bahiano de Tênis por 7 a 3 neste ano o auri-negro marcou 47 gols e 10 jogos media fabulosa de 4,7 gols por jogo. No ano de 1929 os dois travaram uma disputa bem acirrada até a rodada final, no turno a Ypiranga venceu por 2 a 0 com gols de Pelágio, no segundo houve um empate em 4 a 4 o time canário somente se sagrou campeão por ter a Associação Atlética da Bahia segurado um empate contra o Botafogo em 4 a 4 na ultima rodada e deu ao Ypiranga mais um bicampeonato, fato que levou um diretor do mais querido a se dirigir para a Associação Atlética à noite e pagar uma rodada de gasosa de limão aos atletas a agremiação como agradecimento ao título Brás Moscoso que era famoso por ter dado a chance de muita gente começar no futebol no amadorismo, pois os atletas às vezes se atrasavam para o jogo por irem de bonde ou a pé e ele pegava jovens na arquibanca ou geral e botava o cara pra jogar mesmo fato feito com Rubinho, Gegê, Nelson e Serra.
No ano de 1930 o Botafogo mais uma vez estragou a tentativa de um tricampeonato do Ypiranga que apesar do ataque arrasador com 44 gols em 8 jogos não foram o suficiente para levar o time à conquista, nos jogos entre eles Botafogo 3 a 1 no turno e Ypiranga 3 a 0 no returno, neste ano o Ypiranga aplicou uma sonora goleada diante o Democrata FC por 16 a 0 com Pelágio marcando 6 vezes e Popó 4 vezes.
Rivalidade com o Bahia
Os clássicos entre Bahia e Botafogo eram bastante folclóricos. Desde que surgiu, em 1931, o tricolor não perdia para o alvirrubro. Revoltado, um torcedor botafoguense prometeu levar um pote ao estádio sempre que os dois times se enfrentassem e, quando seu time acabasse com a série positiva do rival, ele quebraria o objeto. Como o Botafogo permanecia sem vencer, o jogo ficou conhecido como “clássico do pote”. Apenas em 1938 – ano do último título do clube – o torcedor alvirrubro pôde comemorar, após uma vitória por 3 x 1. Os cacos foram guardados pelos torcedores botafoguenses como amuleto para as partidas contra o Bahia.
O clube está desativado desde 1989, mas continua pagando sua licença de funcionamento. Chegou a disputar o Campeonato Baiano Juvenil em 2001, mas sem sucesso. Atualmente, a equipe profissional está licenciada do Campeonato Baiano de Futebol, participando apenas das divisões inferiores do futebol baiano.
Time do Botafogo em 1952. Em pé: Alberto. Nazario. Bartolomeu. Flávio. Tatuí e Julio.Agachados: Dedeu. Iedo. Zague. Roliço e Lamarone.
Títulos
Estaduais
Campeonato Baiano: 7 vezes (1919, 1922, 1923, 1926, 1930, 1935 e 1938[1]).
Vice-Campeonato Baiano: 1918, 1929, 1932, 1943, 1954, 1965 e 1977.
Vice-Campeonato Baiano da Segunda Divisão: 1984.
Torneio Início: 6 vezes (1924, 1925, 1940, 1948, 1952 e 1963).
Curiosidades
Inauguração da Fonte nova
Em 28 de janeiro de 1951, era inaugurado o templo do futebol baiano: o Estádio da Bahia, rebatizado como Otávio Mangabeira e conhecido como Fonte Nova. Botafogo 1x1 Guarany foi o placar inaugural, com Nélson, do alvirrubro, tendo a honra de marcar o primeiro gol.
MICA, O CRAQUE DO FUTEBOL
Primeiro baiano a jogar na seleção nacional
Alfredo Pereira de Mello, o célebre Mica, nasceu em Salvador, em 15 de outubro de 1904. Foi nadador, remador, maratonista e futebolista. No futebol destacou-se no Yankee, o time verde, preto e branco do Rio Vermelho, campeão do Torneio Início do Campeonato Baiano de 1921.
Transferindo-se para o Botafogo, sagrou-se bicampeão baiano, ajudando o “glorioso auri-rubro” a conquistar dois títulos de Campeão do Centenário. O primeiro aludia à Independência do Brasil (1822) e o segundo à Independência da Bahia (1823).
Orgulho do futebol da Bahia, por ser o primeiro jogador de um clube baiano (Botafogo) chamado para a seleção nacional principal, a convocação de Mica acabou se convertendo num tabu que ultrapassou meio século.
O recorde de Mica perdurou por 65 anos, sendo quebrado, coincidentemente, no dia do seu falecimento, 10 de março de 1989, aos 84 anos. Os autores da façanha foram Charles e Zé Carlos, ambos baianos e pertencentes ao E.C. Bahia. O palco foi a cidade de Fortaleza, onde o Brasil goleou o Peru por 4 a 1, com dois gols do centroavante Charles, que se constituiu no melhor jogador em campo.
Fonte: Wikipedia, Sítio da Academia dos Imortais do Rio Vermelho, Blog Balipodo e Sítio Museu do Futebol.
Publicado em História do Futebol-Parte II, em 09 de março de 2009, por Juvando Oliveira.