Desde a fugaz ida à Copa do Mundo de 1982, a Nova Zelândia ficou por um longo tempo sem conseguir sequer sonhar com o retorno a um Mundial. O mais próximo a que conseguiu chegar fora em três Eliminatórias seguidas: em 1994, 1998 e 2002, os All Whites (apelido dado em razão do primeiro uniforme da seleção, tradicionalmente branco - até para se contrapor aos famosos "All Blacks" da seleção de rúgbi) chegaram à decisão das Eliminatórias da Oceania, mas caíram frente a Austrália.
Para as Eliminatórias de 2006, um ponto baixo fora atingido: a equipe sequer passou da segunda fase, sendo eliminada por Austrália e Ilhas Salomão. Parecia que os Kiwis estavam mais longe do que nunca de um caminho que as devolvesse à Copa. Mas veio a ida da Austrália para a Confederação Asiática - e o caminho foi novamente aberto. Bastou vencer a Copa das Nações da Oceania, ainda em 2008, e a repescagem intercontinental contra o Bahrein, para finalmente retornar ao que se esperava. Mas como foi, até hoje, a história de uma seleção que ainda parece ter muito a percorrer?
Ao longo das duas décadas seguintes, a equipe jogaria principalmente contra times amadores, além de vez por outra enfrentar a eterna rival Austrália. Foi contra os Socceroos, aliás, que veio uma dura derrota: precisamente no dia 11 de julho de 1936, a Nova Zelândia foi humilhada por 10 a 0, no que é, até hoje, a sua maior derrota em jogos internacionais.
Tão logo veio a filiação à Fifa, em 1948, o ano foi ocupado por quatro jogos, contra os australianos. E, ao longo das décadas seguintes, o caminho não foi muito diferente: predominaram os amistosos contra seleções da Oceania, como as Ilhas Fiji, a Nova Caledônia ou o Taiti, intercalados com partidas contra combinados de regiões da Austrália ou até equipes do exterior, como o Deportivo Saprissa, da Costa Rica (vitória por 3 a 2, em 6 de junho de 1959), Karlsruhe e Nürnberg, da Alemanha, e Bellinzona e Grasshoppers, da Suíça.
O intercâmbio com o resto do mundo foi aumentando ao longo da década de 1970. E 1973 foi um ano fundamental no desenvolvimento da equipe: participando da disputa da primeira Copa das Nações da Oceania, com todos os jogos sediados na Auckland, durante o mês de fevereiro, a equipe começou com uma goleada por 5 a 1 sobre as Ilhas Fiji. E uma campanha quase perfeita na primeira fase (três vitórias e um empate) foi coroada na decisão, quando David Taylor e Alan Marley - um dos goleadores da competição, com três gols - marcaram os gols da vitória por 2 a 0 sobre o Taiti, que representou o primeiro título continental para os All Whites.
E o fato de Ásia e Oceania disputarem as Eliminatórias em conjunto, naquela década, representava um intercâmbio maior da Nova Zelândia com as seleções do continente. No entanto, a equipe também não conseguiu chegar próxima da vaga para os Mundiais de 1974 e 1978. E, na Copa das Nações de 1980, não defendeu o título com êxito, sendo desclassificada ainda na primeira fase.
Porém, a equipe de Adshead começou imediatamente a mostrar valor, depois disso, goleando as Ilhas Fiji por 4 a 0, em 3 de abril. Mais um empate, sem gols, contra Taipé, e a Nova Zelândia não perdeu mais no grupo, chegando ao final com seis vitórias. A última delas, lendária: em 16 de agosto de 1981, a equipe goleou as Ilhas Fiji por 13 a 0, em Auckland, no que não só era, na época, a maior goleada da história das Eliminatórias das Copas do Mundo, como é, até hoje, a maior vitória neozelandesa em uma partida oficial.
Não era o final, pois havia ainda um último grupo, com os quatro classificados da primeira fase. E este foi ainda mais árduo: a equipe ficou apenas com três empates, duas vitórias e uma derrota. A sorte veio na partida derradeira, em Riad, quando o time goleou a Arábia Saudita por 5 a 0 e igualou o saldo de gols da China. Seria necessária uma partida de desempate, ampliando o drama. E, em Cingapura, em 10 de janeiro de 1982, a Nova Zelândia conseguiu vencer os chineses, por 2 a 1, e tornou-se a última equipe classificada para o Mundial da Espanha.
Independente do que fizessem na Copa, gente como o goleiro Frank van Hattum, o meio-campista Keith Mackay e o atacante Wynton Rufer já estavam na história do futebol neozelandês. Ainda com predominância do amadorismo, a equipe foi presa fácil para Escócia, que goleou por 5 a 2, União Soviética, que fez 3 a 0, e, por fim, o Brasil, que, já classificado, não se furtou a aplicar mais uma goleada: 4 a 0. Mas o mais importante já estava feito: levar a Nova Zelândia a uma Copa.
E os personagens de 1982 continuam até hoje ativos no futebol neozelandês. Basta dizer que Frank van Hattum é o presidente da federação do país, e Ricki Herbert, zagueiro há 28 anos, é o atual técnico da seleção. Além de Wynton Rufer, que tinha apenas 19 anos quando viajou à Espanha, mas teve carreira razoável, jogando em clubes como Grasshoppers, Werder Bremen e Kaiserslautern.
Memórias mais saborosas só apareceriam a partir de 1998, quando a equipe fez campanha invicta na Copa das Nações, sendo premiada com o título, graças ao 1 a 0 sobre a Austrália, na final, com gol de Mark Burton. Em 2000, a equipe quase conseguiria o bicampeonato, mas seria a vez da Austrália vencer a decisão. Mas, dois anos depois, nova festa continental, com Ryan Nelsen marcando o gol do 1 a 0 sobre os Socceroos.
E houveram, claro, as participações da seleção na Copa das Confederações. Nada que deixasse muitas lembranças: a equipe só conseguiu o seu primeiro ponto na competição ao participar da edição de 2009, tendo perdido os três jogos que fez, tanto em 1999, quanto em 2003. Mas não deixava de ser mais um avanço. Além disso, a década recém-encerrada marcou a diáspora de alguns jogadores neozelandeses rumo a centros mais conhecidos do futebol.
Pelo nível ainda baixo do esporte, que compete por atenção com rúgbi e o críquete, restou o exterior a jogadores como o próprio Nelsen, que joga atualmente no Blackburn Rovers, da Inglaterra. Ou Ivan Vicelich, atleta com mais partidas pelos All Whites, que chegou a atuar no Roda JC, da Holanda. Ou até Chris Killen, que está no Middlesbrough.
E veio nova vitória na Copa das Nações, em 2008. Como o torneio continental serviu também como Eliminatórias da Oceania, restava apenas a repescagem. Veio o Bahrein, da repescagem continental asiática. E o gol de Rory Fallon, que garantiu o retorno a um Mundial. No entanto, não resta dúvidas: é apenas um pequeno avanço, no longo caminho que a história da seleção da Nova Zelândia ainda tem a percorrer.
Fonte
http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=54&id=21509
Site
http://www.nzfootball.co.nz/
Para as Eliminatórias de 2006, um ponto baixo fora atingido: a equipe sequer passou da segunda fase, sendo eliminada por Austrália e Ilhas Salomão. Parecia que os Kiwis estavam mais longe do que nunca de um caminho que as devolvesse à Copa. Mas veio a ida da Austrália para a Confederação Asiática - e o caminho foi novamente aberto. Bastou vencer a Copa das Nações da Oceania, ainda em 2008, e a repescagem intercontinental contra o Bahrein, para finalmente retornar ao que se esperava. Mas como foi, até hoje, a história de uma seleção que ainda parece ter muito a percorrer?
Restrita à Oceania
Como a história de vários outros países, já antes de sua filiação à Fifa, em 1948, a Nova Zelândia já tinha alguma história no futebol. Uma história que datava, precisamente, do dia 23 de julho de 1904, quando foi derrotada pelo time do território de Nova Gales do Sul, por 1 a 0. Foi necessário esperar, no entanto, mais dezoito anos antes da primeira partida internacional: só em 17 de junho de 1922 ela ocorreu, num amistoso contra a Austrália, que foi vencido por 3 a 1. Aquela era a primeira partida de uma série de três amistosos, cujo retrospecto foi bastante favorável aos neozelandeses: mais uma vitória, além de um empate.Ao longo das duas décadas seguintes, a equipe jogaria principalmente contra times amadores, além de vez por outra enfrentar a eterna rival Austrália. Foi contra os Socceroos, aliás, que veio uma dura derrota: precisamente no dia 11 de julho de 1936, a Nova Zelândia foi humilhada por 10 a 0, no que é, até hoje, a sua maior derrota em jogos internacionais.
Tão logo veio a filiação à Fifa, em 1948, o ano foi ocupado por quatro jogos, contra os australianos. E, ao longo das décadas seguintes, o caminho não foi muito diferente: predominaram os amistosos contra seleções da Oceania, como as Ilhas Fiji, a Nova Caledônia ou o Taiti, intercalados com partidas contra combinados de regiões da Austrália ou até equipes do exterior, como o Deportivo Saprissa, da Costa Rica (vitória por 3 a 2, em 6 de junho de 1959), Karlsruhe e Nürnberg, da Alemanha, e Bellinzona e Grasshoppers, da Suíça.
Começa a época de seriedade
No final da década de 1960, todavia, finalmente a Nova Zelândia começou a entrar mais concretamente no mapa do futebol mundial. Precisamente, em 1969, quando disputou seus dois primeiros jogos de Eliminatórias para a Copa do Mundo. Recebendo o direito de entrar diretamente na segunda fase da qualificação para o Mundial de 1970, a equipe comandada pelo húngaro naturalizado chileno Juan Schwanner disputou lugar na decisão da vaga contra Israel. Perdeu as duas partidas (4 a 0, em 28 de setembro, e 2 a 0, em 1º de outubro, ambos os jogos em Tel Aviv). Mas era o primeiro passo rumo ao sonho de disputar uma Copa.O intercâmbio com o resto do mundo foi aumentando ao longo da década de 1970. E 1973 foi um ano fundamental no desenvolvimento da equipe: participando da disputa da primeira Copa das Nações da Oceania, com todos os jogos sediados na Auckland, durante o mês de fevereiro, a equipe começou com uma goleada por 5 a 1 sobre as Ilhas Fiji. E uma campanha quase perfeita na primeira fase (três vitórias e um empate) foi coroada na decisão, quando David Taylor e Alan Marley - um dos goleadores da competição, com três gols - marcaram os gols da vitória por 2 a 0 sobre o Taiti, que representou o primeiro título continental para os All Whites.
E o fato de Ásia e Oceania disputarem as Eliminatórias em conjunto, naquela década, representava um intercâmbio maior da Nova Zelândia com as seleções do continente. No entanto, a equipe também não conseguiu chegar próxima da vaga para os Mundiais de 1974 e 1978. E, na Copa das Nações de 1980, não defendeu o título com êxito, sendo desclassificada ainda na primeira fase.
A Copa de 1982: lembrança indelével
Nada faria prever que aquele mesmo time, sob o comando do inglês John Adshead, tivesse chances, nas Eliminatórias para a Copa de 1982. E o caminho prometia ser árduo, com a Nova Zelândia sendo colocada no grupo 1, com Austrália, Indonésia, Taipei e Ilhas Fiji. E o empate em 3 a 3 contra os australianos, no dia 25 de abril de 1981, dava uma mostra da dureza da qualificação.Porém, a equipe de Adshead começou imediatamente a mostrar valor, depois disso, goleando as Ilhas Fiji por 4 a 0, em 3 de abril. Mais um empate, sem gols, contra Taipé, e a Nova Zelândia não perdeu mais no grupo, chegando ao final com seis vitórias. A última delas, lendária: em 16 de agosto de 1981, a equipe goleou as Ilhas Fiji por 13 a 0, em Auckland, no que não só era, na época, a maior goleada da história das Eliminatórias das Copas do Mundo, como é, até hoje, a maior vitória neozelandesa em uma partida oficial.
Não era o final, pois havia ainda um último grupo, com os quatro classificados da primeira fase. E este foi ainda mais árduo: a equipe ficou apenas com três empates, duas vitórias e uma derrota. A sorte veio na partida derradeira, em Riad, quando o time goleou a Arábia Saudita por 5 a 0 e igualou o saldo de gols da China. Seria necessária uma partida de desempate, ampliando o drama. E, em Cingapura, em 10 de janeiro de 1982, a Nova Zelândia conseguiu vencer os chineses, por 2 a 1, e tornou-se a última equipe classificada para o Mundial da Espanha.
Independente do que fizessem na Copa, gente como o goleiro Frank van Hattum, o meio-campista Keith Mackay e o atacante Wynton Rufer já estavam na história do futebol neozelandês. Ainda com predominância do amadorismo, a equipe foi presa fácil para Escócia, que goleou por 5 a 2, União Soviética, que fez 3 a 0, e, por fim, o Brasil, que, já classificado, não se furtou a aplicar mais uma goleada: 4 a 0. Mas o mais importante já estava feito: levar a Nova Zelândia a uma Copa.
E os personagens de 1982 continuam até hoje ativos no futebol neozelandês. Basta dizer que Frank van Hattum é o presidente da federação do país, e Ricki Herbert, zagueiro há 28 anos, é o atual técnico da seleção. Além de Wynton Rufer, que tinha apenas 19 anos quando viajou à Espanha, mas teve carreira razoável, jogando em clubes como Grasshoppers, Werder Bremen e Kaiserslautern.
Novas lembranças?
Porém, a equipe da Nova Zelândia acabou ficando presa nas lembranças daquela primeira fase da Copa de 1982. Por muito tempo. Tanto é que a equipe não foi além, nas Eliminatórias para 1986 e 1990. Além disso, continuou tendo amistosos predominantemente contra seleções de Ásia e Oceania. Somente clubes europeus, como o PSV Eindhoven ou o Lokomotiv Moscou, viajavam ao país para amistosos. O cenário mudou em 1991, quando a Inglaterra foi a primeira seleção europeia a enfrentar os neozelandeses, vencendo duas vezes: 1 a 0, em 3 de junho, e 2 a 0, em 8 de junho.Memórias mais saborosas só apareceriam a partir de 1998, quando a equipe fez campanha invicta na Copa das Nações, sendo premiada com o título, graças ao 1 a 0 sobre a Austrália, na final, com gol de Mark Burton. Em 2000, a equipe quase conseguiria o bicampeonato, mas seria a vez da Austrália vencer a decisão. Mas, dois anos depois, nova festa continental, com Ryan Nelsen marcando o gol do 1 a 0 sobre os Socceroos.
E houveram, claro, as participações da seleção na Copa das Confederações. Nada que deixasse muitas lembranças: a equipe só conseguiu o seu primeiro ponto na competição ao participar da edição de 2009, tendo perdido os três jogos que fez, tanto em 1999, quanto em 2003. Mas não deixava de ser mais um avanço. Além disso, a década recém-encerrada marcou a diáspora de alguns jogadores neozelandeses rumo a centros mais conhecidos do futebol.
Pelo nível ainda baixo do esporte, que compete por atenção com rúgbi e o críquete, restou o exterior a jogadores como o próprio Nelsen, que joga atualmente no Blackburn Rovers, da Inglaterra. Ou Ivan Vicelich, atleta com mais partidas pelos All Whites, que chegou a atuar no Roda JC, da Holanda. Ou até Chris Killen, que está no Middlesbrough.
E veio nova vitória na Copa das Nações, em 2008. Como o torneio continental serviu também como Eliminatórias da Oceania, restava apenas a repescagem. Veio o Bahrein, da repescagem continental asiática. E o gol de Rory Fallon, que garantiu o retorno a um Mundial. No entanto, não resta dúvidas: é apenas um pequeno avanço, no longo caminho que a história da seleção da Nova Zelândia ainda tem a percorrer.
Fonte
http://www.trivela.com/Conteudo.aspx?secao=54&id=21509
Site
http://www.nzfootball.co.nz/