O L’Aquila Calcio 1927 é o maior clube da província de L’Aquila, e um dos mais tradicionais do Abruzzo. Em sua história, os rossoblù possuem três temporadas na Serie B (na década de 1930) e inúmeras participações nos campeonatos que, hoje, equivalem àqueles de Prima e Seconda Divisione (Lega Pro) e na Serie D. Sua torcida é pequena, pois esta mais restrita à cidade que à província. O L’Aquila tem rivalidade com muitos clubes do Abruzzo, entre os quais: Pescara, Sambenedettese e Chieti (suas torcidas são amigas há anos); seu maior rival, porém, é o Castel di Sangro – clube que, nos anos 1990, ficou conhecido como milagroso, após alcançar a Serie B.CORAÇÃO DIVIDIDO. Como todos os clubes de procedência regional, o L’Aquila Calcio sempre encontrou dificuldades, não só para sobreviver, mas para ganhar o coração daqueles que deveriam ser seus torcedores naturais. A concorrência não acontecia apenas com os grandes clubes nacionais – Juventus, Milan e Internazionale – mas dentro de seu próprio espaço. Basta pensar que, nos anos 1970, enquanto passava por uma grave situação financeira, e sempre nas divisões inferiores, o clube tinha de disputar afeto com o (ainda ativo) time de rugby da cidade, que conquistava títulos nacionais – o estádio Tommaso Fattori, inclusive, foi batizado em homenagem ao primeiro incentivador desse esporte, em L’Aquila.
TERREMOTO PARTICULAR. Em sua história, o L’Aquila Calcio registra duas falências. A segunda delas, mais dramática, aconteceu em 2004, quando o clube disutava o extinto campeonato da Serie C2 (atual Seconda Divisione). Pior do que isso: em 2004-05, o clube não foi inscrito em nenhum torneio oficial. Reorganizado, em 2005-06, foi aceito no campeonato regional de Eccellenza, um baque para quem, nos últimos anos, esteva envolvido apenas na disputa de torneios nacionais, na maioria das vezes entre os profissionais. O inverno do torneio de Eccellenza foi longo e rigoroso. Não poucas vezes, o L’Aquila Calcio se viu às voltas com um possível rebaixamento para o campeonato de Promozione ou, então, ficou poucos pontos distante do sonho de retornar à Serie D.
O SONHO. 2008-09 parecia o ano bom: o L’Aquila Calcio, finalmente, reuniu o que tinha de melhor para vencer o campeonato de Eccellenza. Seu maior obstáculo, além do arqui-rival Castel di Sangro, estava sendo a equipe do Milglianico – fortíssima, para a categoria, contra quem se batia por cada ponto. No dia 29 de maio, as águias rossoblù estavam voando alto: o clube eliminara o Pomezia – equipe da região do Lazio – nas quartas-de-final da Coppa Italia Dilettanti – a edição nacional da copa, para os amadores – e, a duas rodadas do final do campeonato de Eccellenza, o L’Aquila , líder, dependia apenas de si para retornar à Serie D. A expectativa de conquistar, não apenas um, mais dois títulos, depois de tantos anos de sofrimento, deixava sua pequena torcida ansiosa.
TRAGÉDIA. No sábado, 6 de junho, a cidade de L’Aquila foi vítima do terremoto. Casas, construções e monumentos históricos vieram abaixo em poucos minutos. A cidade estava inalcançável: praticamente todos os seus acessos tinham sido destruídos ou estvam bloqueados. O estádio Tommaso Fattori teve de ser improvisado para dar abrigo e alimento às pessoas que a defesa civil não conseguiu atender de pronto. Com uma situação dessas, tudo o mais passou a segundo plano; mas era justo, também, considerar a frustração dos esportivos da cidade: apenas dois jogos distante da Serie D, o L’Aquila Calcio, sem as menores condições de seguir na disputa, nem do campeonato de Eccellenza, nem da Coppa Italia, que daria ao clube a prioridade de repescagem, em caso de vitória. Naqueles minutos em que a terra tremeu, pareceu ter arruinado os trabalhos e as expectativas de anos: o L’Aquila Calcio estava, mais uma vez, na escala zero.
ENFIM, SERIE D. Com o caminho livre, o Miglianico venceu conquistou o campeonato de Eccellenza. O L’Aquila Calcio, do seu lado, buscava a possibilidade de ser promovido para a Serie D via repescagem. Foi um pedido especial, pois a média de público e os méritos esportivos dos últimos anos – anulados por uma falência, uma ausência de inscrição e temporadas anônimas – jamais creditariam o clube ao acesso. No final, prevaleceu o bom senso, e o clube foi aceito na Serie D e declarado campeão de Eccellenza, ao lado do Miglianico. A vitória nas quartas-de-final da Coppa Italia foi anulada; o Pomezia, desclassificado, seguiria na competição e, curiosamente, seria campeão.
POR POUCO. Não foi bem como se esperava, mas o L’Aquila Calcio, após anos de sofrimento, estava de volta a um toneio nacional, ainda que amador. Seria natural pensar apenas em garantir a permanência, mas a sociedade, guiada por Elio Gizzi, fez esforços para que o clube lutasse pela Seconda Divisione – onde, seis anos antes, sua história tinha sido interrompida. Durante muito tempo, o L’Aquila guiou a classificação do Girone F, mas perdeu força no final, sendo superado pelo Chieti (campeão) e outros dois clubes. Uma grande desilusão para sua torcida, que se revelaria, também, muito exigente – e, claro, saudosa dos tempos profissionais. Nos play offs nacionais, o L’Aquila Calcio seria eliminado logo no primeiro turno, com a derrota para a Atessa Val di Sangro.
PRESENTE PARA A CIDADE. O resultado final, não há dúvida, deixou um gosto amargo na boca; por outro lado, estava criada uma diretriz para o clube, não obstante ao terremeto e à destruição da pouca estrutura esportiva que a cidade possuía. O objetivo de levar o nome da cidade aos campeonatos profissionais não foi alcançado e, de certa forma, buscou-se retribuir a confiança dos citadinos, que doaram um pouco de seu tempo ao clube, mesmo imersos no cotidiano problemática de uma área que ainda não se refez: poucos dias depois de perder os play offs, o L’Aquila Calcio receberia, em seu estádio, a Roma, vice-campeã do Scudetto.
O encontro aconteceu no úlimo dia 27 e foi marcado por alguns protestos da torcida, irritada pela falta de uma promoção que julgavam certa. Em campo, porém, os mesmos torcedores puderam ver um L’Aquila voluntarioso, que, embora goleado, enfrentou a Roma de igual para igual por quase todo o jogo, como conta a seção de notícias sobre a Roma, na Gazzetta dello Sport.
27 de maio de 2010 - Sol, gols e espetáculo, no amistoso de final de temporada, entre a Roma o L’Aquila, clube da Serie D, que acabou em 5×1 para os giallorossi, com gols de Perrotta, Florenzi, Motta e dobradinha de Scardina. Uma partida dedicada à gente da capital abruzzese, devastada pelo terremoto de 6 de abril de 2009, e uma festa para os cinco mil espectadores do estádio Tommaso Fattori – entre torcedores locais e aqueles vindos da capital.
Simone Perrotta abriu o placar, concluindo uma triangulação com Totti, na área. Depois, o gol de orgulho da formação de casa, que marcou, com Cristiano Colella, o momentâneo 1×1, que durou até o último quarto de hora. A Roma retomou as rédeas da situação apenas no final, marcando com o jovem alessandro Forenzi; através de dois pênaltis, realizados por Marco Motta e Filippo Scardina; e, mais uma vez, com o próprio Scardina, para o 5×1 final.
Rosella Sensi [presidente da Roma] também quis dar sua colaboração: “Algo dramático. não há palavras. É impossível contar o que vimos em L’Aquila. viemos aqui para dar nossa colaboração”. “Não esperava encontrar isso tudo – escreveu Totti, em seu blog – após o terremoto do ano passado. Pela televisão dá para perceber apenas uma pequena parte das dimensões do desastre. Vê-lo ao vivo é outra coisa, fica dentro de você. Mas, vindo jogar aqui, pude ver as pesoas do lugar; seus olhos são o espelho da incrível força que trazem. Por isso, tenho certeza de que, com a ajuda de todos,eles se reerguerão, voltarão a ter uma vida normal. Não nos esqueçamos deles”.
Há poucos dias, o presidente aquilano, Gizzi, anunciou que a sociedade está à venda, total ou parcialmente. Parece impossível que, após superar seus piores períodos, esportivo e citadino, o L’Aquila tenha dificuldades em encontrar guias ou ajuda – pois nem mesmo o futebol moderno poderia negar a emoção de ver um clube e uma cidade que, juntos, tentam renascer.
Site
http://www.laquilacalcio.com/
TERREMOTO PARTICULAR. Em sua história, o L’Aquila Calcio registra duas falências. A segunda delas, mais dramática, aconteceu em 2004, quando o clube disutava o extinto campeonato da Serie C2 (atual Seconda Divisione). Pior do que isso: em 2004-05, o clube não foi inscrito em nenhum torneio oficial. Reorganizado, em 2005-06, foi aceito no campeonato regional de Eccellenza, um baque para quem, nos últimos anos, esteva envolvido apenas na disputa de torneios nacionais, na maioria das vezes entre os profissionais. O inverno do torneio de Eccellenza foi longo e rigoroso. Não poucas vezes, o L’Aquila Calcio se viu às voltas com um possível rebaixamento para o campeonato de Promozione ou, então, ficou poucos pontos distante do sonho de retornar à Serie D.
O SONHO. 2008-09 parecia o ano bom: o L’Aquila Calcio, finalmente, reuniu o que tinha de melhor para vencer o campeonato de Eccellenza. Seu maior obstáculo, além do arqui-rival Castel di Sangro, estava sendo a equipe do Milglianico – fortíssima, para a categoria, contra quem se batia por cada ponto. No dia 29 de maio, as águias rossoblù estavam voando alto: o clube eliminara o Pomezia – equipe da região do Lazio – nas quartas-de-final da Coppa Italia Dilettanti – a edição nacional da copa, para os amadores – e, a duas rodadas do final do campeonato de Eccellenza, o L’Aquila , líder, dependia apenas de si para retornar à Serie D. A expectativa de conquistar, não apenas um, mais dois títulos, depois de tantos anos de sofrimento, deixava sua pequena torcida ansiosa.
TRAGÉDIA. No sábado, 6 de junho, a cidade de L’Aquila foi vítima do terremoto. Casas, construções e monumentos históricos vieram abaixo em poucos minutos. A cidade estava inalcançável: praticamente todos os seus acessos tinham sido destruídos ou estvam bloqueados. O estádio Tommaso Fattori teve de ser improvisado para dar abrigo e alimento às pessoas que a defesa civil não conseguiu atender de pronto. Com uma situação dessas, tudo o mais passou a segundo plano; mas era justo, também, considerar a frustração dos esportivos da cidade: apenas dois jogos distante da Serie D, o L’Aquila Calcio, sem as menores condições de seguir na disputa, nem do campeonato de Eccellenza, nem da Coppa Italia, que daria ao clube a prioridade de repescagem, em caso de vitória. Naqueles minutos em que a terra tremeu, pareceu ter arruinado os trabalhos e as expectativas de anos: o L’Aquila Calcio estava, mais uma vez, na escala zero.
ENFIM, SERIE D. Com o caminho livre, o Miglianico venceu conquistou o campeonato de Eccellenza. O L’Aquila Calcio, do seu lado, buscava a possibilidade de ser promovido para a Serie D via repescagem. Foi um pedido especial, pois a média de público e os méritos esportivos dos últimos anos – anulados por uma falência, uma ausência de inscrição e temporadas anônimas – jamais creditariam o clube ao acesso. No final, prevaleceu o bom senso, e o clube foi aceito na Serie D e declarado campeão de Eccellenza, ao lado do Miglianico. A vitória nas quartas-de-final da Coppa Italia foi anulada; o Pomezia, desclassificado, seguiria na competição e, curiosamente, seria campeão.
POR POUCO. Não foi bem como se esperava, mas o L’Aquila Calcio, após anos de sofrimento, estava de volta a um toneio nacional, ainda que amador. Seria natural pensar apenas em garantir a permanência, mas a sociedade, guiada por Elio Gizzi, fez esforços para que o clube lutasse pela Seconda Divisione – onde, seis anos antes, sua história tinha sido interrompida. Durante muito tempo, o L’Aquila guiou a classificação do Girone F, mas perdeu força no final, sendo superado pelo Chieti (campeão) e outros dois clubes. Uma grande desilusão para sua torcida, que se revelaria, também, muito exigente – e, claro, saudosa dos tempos profissionais. Nos play offs nacionais, o L’Aquila Calcio seria eliminado logo no primeiro turno, com a derrota para a Atessa Val di Sangro.
PRESENTE PARA A CIDADE. O resultado final, não há dúvida, deixou um gosto amargo na boca; por outro lado, estava criada uma diretriz para o clube, não obstante ao terremeto e à destruição da pouca estrutura esportiva que a cidade possuía. O objetivo de levar o nome da cidade aos campeonatos profissionais não foi alcançado e, de certa forma, buscou-se retribuir a confiança dos citadinos, que doaram um pouco de seu tempo ao clube, mesmo imersos no cotidiano problemática de uma área que ainda não se refez: poucos dias depois de perder os play offs, o L’Aquila Calcio receberia, em seu estádio, a Roma, vice-campeã do Scudetto.
O encontro aconteceu no úlimo dia 27 e foi marcado por alguns protestos da torcida, irritada pela falta de uma promoção que julgavam certa. Em campo, porém, os mesmos torcedores puderam ver um L’Aquila voluntarioso, que, embora goleado, enfrentou a Roma de igual para igual por quase todo o jogo, como conta a seção de notícias sobre a Roma, na Gazzetta dello Sport.
27 de maio de 2010 - Sol, gols e espetáculo, no amistoso de final de temporada, entre a Roma o L’Aquila, clube da Serie D, que acabou em 5×1 para os giallorossi, com gols de Perrotta, Florenzi, Motta e dobradinha de Scardina. Uma partida dedicada à gente da capital abruzzese, devastada pelo terremoto de 6 de abril de 2009, e uma festa para os cinco mil espectadores do estádio Tommaso Fattori – entre torcedores locais e aqueles vindos da capital.
Simone Perrotta abriu o placar, concluindo uma triangulação com Totti, na área. Depois, o gol de orgulho da formação de casa, que marcou, com Cristiano Colella, o momentâneo 1×1, que durou até o último quarto de hora. A Roma retomou as rédeas da situação apenas no final, marcando com o jovem alessandro Forenzi; através de dois pênaltis, realizados por Marco Motta e Filippo Scardina; e, mais uma vez, com o próprio Scardina, para o 5×1 final.
Rosella Sensi [presidente da Roma] também quis dar sua colaboração: “Algo dramático. não há palavras. É impossível contar o que vimos em L’Aquila. viemos aqui para dar nossa colaboração”. “Não esperava encontrar isso tudo – escreveu Totti, em seu blog – após o terremoto do ano passado. Pela televisão dá para perceber apenas uma pequena parte das dimensões do desastre. Vê-lo ao vivo é outra coisa, fica dentro de você. Mas, vindo jogar aqui, pude ver as pesoas do lugar; seus olhos são o espelho da incrível força que trazem. Por isso, tenho certeza de que, com a ajuda de todos,eles se reerguerão, voltarão a ter uma vida normal. Não nos esqueçamos deles”.
Há poucos dias, o presidente aquilano, Gizzi, anunciou que a sociedade está à venda, total ou parcialmente. Parece impossível que, após superar seus piores períodos, esportivo e citadino, o L’Aquila tenha dificuldades em encontrar guias ou ajuda – pois nem mesmo o futebol moderno poderia negar a emoção de ver um clube e uma cidade que, juntos, tentam renascer.
Site
http://www.laquilacalcio.com/